Engane-se quem acredita já ter provado todos os gostos e os desgostos do amor. Cada vez que duas pessoas (ou três, ou mais, vamos respeitar o poliamor) se encontram, há uma mistura singular de sabores, experiências, cheiros, uma mala carregada de descargas psíquicas dos relacionamentos anteriores. Nós vamos acumulando tudo que foi vivenciado, momentos incríveis e as frustrações, e decidimos como vamos seguir diante dos próximos amores. Os mais covardes evitam relações densas e se aventuram pelo submundo das paixões rasas, beijos sem amor, sexo vulgarizado e conversas superficiais. O amor não pode virar medo!!! Eu espero que vocês joguem no meu time. Apesar de tantos desencontros, decepções e mágoas, prefiramos arriscar, de peito aberto, alma livre, sem máscaras e com aquela vontade de viver amores arrebatadores. Que nós compensemos a falta de amor do mundo com toda a nossa intensidade e crença em arroubos acalorados. Que nunca nos conformemos diante da infelicidade! Não sou boa em matemática, mas se fosse fazer um cálculo, as probabilidades de nos depararmos com pessoas incríveis são infinitas.
Aceito a dor de cotovelo, o luto afetivo é essencial, o pranto no banheiro, a vontade de não acordar (muitas vezes ouvi Chico Buarque gritando ao meu ouvido : “Não adianta dormir, a dor não passa”), a repetição da trilha sonora do amor fracassado, vários porres, a ressaca… Isso é um ciclo, ele se repetirá até o momento do “grand finale”.
É fundamental derraparmos para aprendermos a viver amores mais maduros, mas nada nos impede de no meio do caminho vivermos lindas e loucas paixões irresponsáveis. Os términos são devastadores, há silêncios que agridem como punhal, telefones que não tocam, mensagens que não chegam…Guel Arraes tem uma frase que eu adoro: “Os amores desgraçados ao menos costumam render belas histórias”. Precisamos entender a arte de partir, apesar de deixarmos um pouco de nós com o outro e (in)felizmente trazermos uma parte dele, compreendamos, mesmo assim permanecemos INTEIROS!
Não confio em gente que segura lágrimas, as minhas já foram derramadas nos lugares mais improváveis e inadequados: no trabalho, no supermercado, na fila do banco, no meio de uma prova, elevadores, e quando questionada, afinal, as pessoas se comovem, eu respondia sem nenhuma vergonha, “meu coração está doendo.”
Nunca considerei lágrimas como uma fraqueza, ao contrário, li em algum lugar a sua definição perfeita: “é um grito líquido”. Juntamos os cacos, fazemos os remendos e surgimos mais fortes. É a magia da catarse. Então, vamos comigo? Sigamos desprotegidos, por fim, amar é pra quem tem coragem de viver! Eu sou a dona da minha história, até aceito que ela seja escrita a quatro mãos, mas eu serei sempre a protagonista, e vocês?
*“Crônicas da Bruna Breck” é um espaço no blog onde Bruna Breckenfield fala de relacionamentos, política e situações corriqueiras que muitas vezes são tratadas com tabu, como sexo e traição, mas sempre de forma suave e sem agressões. Acompanhem aqui!