Em pleno 7 de setembro comemoramos o dia da Independência do Brasil, e eu me questiono aqui, e a nossa independência?! Não divagarei sobre a dependência financeira, e sim, sobre a dependência emocional. Prazer, somos a geração medicamentosa, e por consequência, a geração dos covardes. Não aceitamos a dor, não toleramos o luto, não permitimos o fracasso. Insônia? Rivotril. Depressão? Exodus. Ansiedade? Pondera. Falta de apetite sexual? Viagra. Camuflamos todas as emoções, corremos uma maratona para aparentar normalidade e uma vida perfeita. Na verdade, sabemos os motivos que nos aprisionam, mas ao invés de nos livrarmos deles, vamos tentando nos livrar das consequências que eles nos causam. Não temos a coragem de eliminar o que ou quem nos causa mal, vamos eliminando nossos sentimentos. O resultado? Pessoas robotizadas, que não sentem absolutamente nada. É aquele casamento falido, o namoro insatisfatório, a profissão indesejada, reuniões em família martirizantes… É a obrigação de servir e aparentar ser o que não é, é o engolir em seco, é o aguentar uma situação forçadamente, é fingir, ser atriz sem ser… O prazer da autenticidade custa caro, apresenta pitadas de loucura e falta de aceitação social. Mas tem sabor raro!!!! Somos tão fracos, a geração dos mimados, não queremos dor, queremos resultados, não queremos mágoas, queremos vitórias sem suor… Freud já dizia: “não há amadurecimento sem traumas”. No entanto, invertemos a lógica do resultado… A indústria farmacêutica agradece! Uma dor de cotovelo ou uma traição se resolve como? Álcool, nicotina, poucas noites de sono e sexo vazio. Parabéns! Você pertence a geração Prozac. É preciso sentir o sangue ferver, a lágrima escorrer, a mão tremer, o coração acelerar, o sorriso sair frouxo… Quando rompemos esse ciclo, interrompemos a cadeia afetiva das relações e embrutecemos a nobreza de um coração desprotegido e uma alma despida.
Depois desse impeachment ( ou golpe, como preferirem), nem o Brasil é independente , avalie nossos sentimentos…
São tempos líquidos, de incerteza e indefinição… Abdicamos dos sentimentos sinceros e raros e optamos pela overdose.
*“Crônicas da Bruna Breck” é um espaço no blog onde Bruna Breckenfield fala de relacionamentos, política e situações corriqueiras que muitas vezes são tratadas com tabu, como sexo e traição, mas sempre de forma suave e sem agressões. Acompanhem aqui!